Decisões erradas
Ainda lembro
do rosto tristonho daquela senhora.Pouco ria.Trabalhava de sol a sol e não era
respeitada por seus pais, com quem morava.
Depois eu
soube da razão: ela era mãe solteira e, naquela época recuada e cheia das
brumas da ignorância, isto era um pecado imperdoável.Eu era amiga de sua filha,
talvez a única.Ninguém permitia que seus filhos brincassem com ela.
Talvez por
um mau conselho, tomou uma decisão errada: se humilhar para se redimir.A tudo
ouvia e calava.Nem mesmo quando o objeto da fúria das faladeiras era sua única
filha.
Ela não
sabia que certas pessoas covardes, só se dobram ao poder.Se ela tivesse ido
embora com sua filha, tivesse retomado sua vida, ela, certamente, teria
vencido.Era uma talentosa costureira, verdadeira artista.E, só para constar,
covardes adoram quem dá a volta por cima.
Sua decisão
errada lhe custou caro.E acabou com o futuro de sua filha.Ela quis enfrentar
seus problemas mas, problemas não se enfrentam do chão.Ela deveria ter se
permitido auto-estima e dignidade e tudo seria diferente.Isso ficou gravado em
minha mente.
Sempre vi com
reservas e muita frieza a atitude daquela gente.Assim que pude, sai daquele
ninho de cobras, reduto do atraso e da ignorância.
Na minha vida também houve
reveses.Financeiros e políticos.Só que eu não sou de chorar sobre o leite
derramado e nem de posar de vítima.Quando tudo aconteceu, fiz o que todo mundo
deveria fazer: mudar de ares e recomeçar.Nunca curti ficar aturando gente
recalcada que adora pisar em quem é melhor do que ele.Eu era muito
reativa.Muitas reações me custaram amizades pois, jamais aceitei ser
pisada.Meus pecados são meus e só dou conta deles a Deus.
Algumas
pessoas que resolveram me pisar, hoje se arrependem.Porque eu venci e eles
estão ainda se arrastando.Fossem estranhos, amigos ou parentes, falou,
levou.Ainda há gente que me pergunta porque não os visito.Outros se queixam de
solidão.Precisaria responder?Bom, essa foi a parte branda.A parte menos branda
resultou em mais de uma dúzia de indenizações por danos morais.Eu nem bati boca
– só abri uma ação contra a pessoa e ganhei.
O grande
pecado do ignorante é a prepotência e achar que sempre tem
razão.Principalmente, tentar torcer a lei como no Pequeno Rincão de Satanás,
onde vivi.Aqui, a história é outra, o juiz nem pense em se vender ou o
advogado.Farei a Corregedoria da Justiça saber dos deslizes e serei implacável,
doa em quem doer.
Sei que houve até
macumba para acabar comigo.Mas, quem tem a Deus, não teme o Diabo.De todas as
decisões que tomei, foi a de resgatar a minha dignidade a mais certa.E isso,
não importando a quem precisasse punir.
Se aquela senhora fizesse
como eu, hoje tudo seria diferente para ela e sua filha.Como já dizia uma amiga
minha “não se pode deixar essa gente se criar pra cima da gente!”
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