O que aconteceu com a
gente?
Quando
éramos crianças, as conversas de nossos pais e avós era sobre a recente II
Grande Guerra.Os aliados haviam vencido e o Ocidente se tornou uma grande
potência.Passamos nossa infância vendo filmes sobre a II Grande Guerra, Guerra
na Indochina(Coreia do Norte e do Sul) e o patriotismo, a disciplina e a honra
eram qualidades exaltadas.
Mas, de repente os USA descobriram que os
ex-aliados russos eram comunistas e que poderiam estar de olho no Ocidente.As
pessoas ficaram sestrosas, quase paranóicas, vendo um comunista em cada
canto.Nossos pais, na falta de outra alternativa, endureceram em relaçaão a
nós.
De berço
da Liberdade, o Ocidente se tornou um lugar sombrio como um pântano.Havia
censura em tudo: nos costumes, nas revistas, nos livros e até nas palavras.A
juventude sentia que lhe haviam colocado uma mordaça.Embora tentassem compensar
isso tudo com mais liberdade sexual, que não combinava com o lastro conservador
da sociedade.Se falássemos uma asneira, a resposta era uma bofetada, ou lavar a
boca com sabão.E isso teve consequências posteriores.
Quando
estava na Universidade, havia a Guerra do Vietnam.Era o que não nos
interessava, não era problema nosso, assim pensávamos.Já tínhamos nossos
problemas, não é?
Diferente das outras vezes, não era
alistamento voluntário.
Diferentemente de outras épocas, a liberdade sexual, o uso de drogas, e
provar outro tipo de liberdade como romper com a ditadura do sistema, nos
tornaram diferentes.Ao contrário de nossos pais patriotas, éramos cidadãos de
uma aldeia global.Não tínhamos fronteiras e o mínimo necessário já era o
suficiente para nós.Viver em trailers, em acampamentos, amamentar os filhos,
plantar nossa comida era nossa rotina de então.Tínhamos slogans como “paz e
amor”, “faça amor, não faça guerra” e outros.
Foi então, que nossos pais perceberam que sua
disciplina, sua paranóia e sua censura, nos haviam tornado um bando de hippies
pacifistas, inócuos como carneiros.Justamente num momento tão sério, os filhos
se recusavam a ir à guerra, os taxavam de fascistas e não queriam sair da zona
de conforto da vida naturalista que levavam.Éramos quase como uma tribo
indígena, plantando, colhendo, nos medicando com chás e pajelança, com uma fé
inabalável na Mãe Natureza.
O
resultado catastrófico foi a derrota para os vietcongs.Uma humilhação
inesquecível.
Nossos pais tanto
nos disciplinaram que nos tornaram como cavalos domados: sem vontade, sem
fúria, sem paixão.Alguns hão de se perguntar o que houve conosco.Eu respondo:
educação errada, falta de confiança, liberdade não orientada e o quase
esquecimento de nos preparar para o futuro.Colheram hippies pacifistas.Poderia
ser pior; poderiam ter colhido traidores e bandidos...
Então, senhores pais: menos política e mais amor e convivência com a
família.Menos paranóia e menos censura.Seus filhos não são soldados.Teriam sido
se não os tivessem estragado.Teriam sido amigos e patriotas se os tivessem
incluído em suas conversas de caráter quase secreto.Mas, “não era assunto para
crianças” o que levou-os a dizer “a guerra não é assunto nosso”.Aprendam e sobrevivam...