Tomada de posição
Durante os
anos 60, após vivermos num mundo idealizado, houve um momento crucial.Aquele
momento em que você percebe que as leis existem
mas, são violadas, que as mulheres são humilhadas, que alcançar nossas
metas não seria um breve e feliz passo a passo.
Foi bem
nessa hora, quando a ficha caiu e a realidade apareceu em branco e preto de
pesadelo, que resolvemos tomar uma posição.Essa decisão nos custou muito caro
mas, se eu tivesse que escolher, faria tudo de novo.
Foi quando
aprendemos de vez, que as decisões trazem consequências.E não estou falando de
castigo divino mas, de colocar o inferno em nossa vida, sabendo que lutar era
imprescindível e que isso iria magoar pessoas que amamos.Por exemplo, seus pais
ficarem apreensivos, seu namorado ficar em dúvidas se teria alguma importância
em sua vida.Você sair compulsivamente em busca de uma mudança no mundo enquanto
deixava seu mundo de lado.
Foram anos
de perseguição, dor e sofrimento mas, o mundo que eu queria, valia qualquer
sacrifício.
Hoje, tantos anos depois, quando o mundo
mudou e se adequou a realidade, vemos que nossas lágrimas e nosso sangue foram
adubos.
Nossa meta
era vencer ou vencer...ou morrer.Não restava alternativa.
Muita gente perguntava “o
que te falta?”, “porque não podes aceitar a realidade?”.Talvez a resposta
esteja na doutrina que nos foi passada, de um mundo justo e igualitário...e
esse mundo estava cheio de falhas, prepotência e preconceito, impossível de
aceitar pelos nossos padrões.Em suma, nossos educadores, no afã de nos tornar “bonzinhos
e maleáveis” criaram monstros inflexíveis, para quem não havia meias medidas,
deixar pra lá ou se adaptar.Se nos era exigida a perfeição, passamos a cobrá-la
também.
Para quem
viveu amordaçado, respeitando quem não merecia, discriminando porque nos
exigiam discriminar, o nosso trabalho subterrâneo foi excelente.Fizemos um
mundo realmente igualitário, onde o preconceito tem que se calar e baixar a
crista.
Perdemos
nossa juventude mas, encontramos nossa paz.
Reformar o
mundo sem deixar escombros, não é para tiranos mas, para heróis.Somos
resilientes.Somos o que a dureza da luta nos fez.
Se as pessoas não
gostaram do resultado, da próxima vez, prestem atenção no que pregam e a quem
pregam.De repente, seus filhos poderão não ser os carneiros do rebanho mas, o
pastor.
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