Somos meros "lulus"; final de ciclo;calendário maia;freqüencias;tsunami novamente;ficção ou realida

sábado, 30 de abril de 2011

Realidade, ficção e ponto de vista.

                       

Realidade, ficção e ponto de vista...
Recado Para Orkut - Anjos: 2

Como sempre, quando noto um quadro confuso, paro para meditar.
Minhas lembranças primitivas me remetem à figura de meu pai: um homem culto, falando vários idiomas, deslizando seus dedos com maestria sobre um piano – mas, com uma evolução espiritual tão tosca e rude como um Neanderthal. Ele era imagem do paradoxo, tendo uma cultura refinada e convivendo com almas primitivas em seu trabalho, onde gritar e dar ordens era normal. Punir severamente, também era algo normal para uma pessoa com um estilo de pensamento linear, enquanto eu era completamente cartesiana.
Minha mãe, é o tipo de pessoa para quem as coisas só precisam aparentar, não necessariamente ser. Não importava se você fosse um poço de virtudes se tivesse um semblante sorridente – isso era sinal de estupidez e falta de juízo. Aí, culpado de fato ou de direito, não interessa; interessa a aparência. Ser estudioso, dedicado de nada valia se o sucesso não se traduzisse em dinheiro e status.
Com uma família toda esconsa, você tem que decidir o que quer, se não deseja ser o que são seus pais. E, bem cedo eu decidi que honraria , acima de tudo, a minha essência e lhe seria fiel. Para mim, importava ser e não parecer. Importava ter uma alma elevada e um comportamento coerente. Mas, a vida me mostrou que nem sempre eu poderia ser calma e sincera. E, houve épocas em que precisei ser extremamente rude para defender meus pontos de vista. Parecia um paradoxo alguém como eu fincar o pé no chão e rugir, avisando que a hora não era de brincadeiras. Foi choque atrás de choque, aquele anjinho meigo se tornar um guardião vingador, com uma espada flamejante. Até hoje, vejo uma interrogação nos olhos das pessoas quando falo com elas: “será que estou falando com o anjinho ou com o guardião?”
Agora, resolvi passar a limpo as amizades e todos que passaram pela minha vida. Alguns, felizes com seu relativo sucesso. Outros, orgulhosos de suas conquistas individuais. Outros, embora bem sucedidos, guardando imensa amargura de seu passado remoto – que, certamente não foi bom. Na realidade, é o ponto de vista de cada um sobre suas trajetórias pessoais.
Também não posso negar que muitas vezes chorei as alegrias não vividas, a mocidade passada em lutas homéricas, a maturidade chegando sem trazer a tranqüilidade e a aceitação dos fatos. Pior que isso, acusei a gregos e troianos por tudo – só que tudo isso está num ponto tão remoto que eu precisaria de um buraco de minhoca para voltar atrás e reparar os danos. Nem sei quantas vezes desejei ter uma máquina do tempo e voltar até antes de minha concepção. Então eu poderia decidir se queria nascer ou não.
Procuro fazer um balanço razoável. É preciso se munir de sangue-frio para lidar com tanta desgraça sem se envolver. Entre prós e contras, fica um pequeno saldo positivo por conta do desejo de acertar – talvez, um artifício de cálculo. Mas, nesse saldo, é preciso somar as pequenas conquistas, os obstáculos superados, as etapas vencidas. Foram essas pequenas quantias (em grande número) que somaram esse saldo.
Foi, o trabalho de uma vida inteira, entre acertos e desencontros, que formaram essa bagagem. Por mais que eu deteste admitir, se eu tivesse tido tudo isso desde o início, hoje não lhes daria a devida importância. É a tendência natural não valorizar o que nos é ofertado e valorizar o que nos custa caro.
Muitas vezes tenho me perguntado onde começa a ficção e onde termina a realidade em nossas vidas. A conclusão, um pouco linear, é que só depende do nosso ponto de vista. É o nosso enfoque que recua ou avança as situações entre realidade ou ficção.

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