20.1.1 - MAIAS ASCENSÃO E QUEDA:
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Por Lu Gomes - Revista Grandes Mistérios
Um dos povos mais enigmáticos
da história.
Os maias são objeto de
intensas pesquisas arqueológicas contemporâneas, que, reunidas, aprofundam
bastante o que se sabia anteriormente sobre seus feitos.
Conheça aqui essa revisão
atualizada da saga maia, ainda polvilhada por intrigantes lacunas.
OS MAIAS ACREDITAVAM
EM CICLOS RECORRENTES DE CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO.
O CICLO ATUAL DEVE
ACABAR EM 2012.
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os maias são provavelmente a mais conhecida
civilização clássica do Novo Mundo. Seu território abrangia áreas de cinco
países atuais: México, Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador. Esse povo
misterioso teria migrado da América do Norte para a Guatemala por volta de
2600 a.C; e, quando sua cultura atingiu o auge - entre 200 d.C. e 900 d.C., o
chamado Período Clássico, os maias estavam espalhados por mais de 310 mil km.
Enquanto a Europa mergulhava na Idade das Trevas,
os habitantes da Mesoamérica estudavam astronomia, tinham
um calendário preciso de365 dias e um sofisticado sistema de escrita por
hieróglifos.
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Ergueram pirâmides maiores
que as do Egito, palácios ricamente decorados e observatórios
astronômicos sofisticados, tudo sem usar ferramentas de metal. Também foram hábeis fazendeiros, abrindo a floresta tropical para
plantar milho, feijão e tabaco. Onde a água era escassa, construíram grandes
reservatórios subterrâneos para armazenar a água da chuva. Eram igualmente
ótimos tecelões e ceramistas, e atravessaram selvas e pântanos para
estabelecer uma extensa rede de comércio com povos distantes.
Cerca de 300 a.C, os maias
adotaram um sistema de governo hierárquico, chefiado por um ahau, ou rei supremo, e sua sociedade estruturou-se em reinos
independentes, cada qual com sua comunidade rural e sua cidade construída ao
redor de centros cerimoniais. O declínio teve início 13 séculos mais tarde,
quando - por motivos até hoje misteriosos - os maias abandonaram suas cidades
no sul da Mesoamérica. No século 13 da era cristã, quando o norte se integrou
à sociedade tolteca, a dinastia maia chegou ao final, muito embora alguns
centros periféricos sobrevivessem até a conquista espanhola, no século 16.
A história maia pode ser contada em ciclos de
ascensão e queda: uma cidade estado atingia proeminência e caía em declínio
só para ser substituída por outra. Também pode ser descrita como a de uma
sociedade cujas mudanças foram guiadas pela religião, a base da sua cultura.
A crença na influência do cosmos na vida humana e a necessidade de prestar
homenagem aos deuses através de rituais, aliás, não é nada estranha aos
tempos modernos.
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Deve ter havido boas razões para os maias
trocarem as pequenas comunidades agrícolas, dirigidas pelos patriarcas
locais, pela complexidade dos reinos do Período Clássico. Encontrar meios
para coletar a água da chuva e desbravar mais terras para a agricultura foram
fundamentais. Uma força de trabalho foi organizada para construir e cuidar de
um sistema de captação de água, formado por reservatórios, cisternas, açudes
e canais destinados aos campos agrícolas. Essas inovações fizeram aumentar a
produção de alimento, criando um excedente que levou ao incremento do comércio
com os estados vizinhos e o subseqüente crescimento da população.
A necessidade de um governo para administrar as
complicações da expansão urbana e da atividade rural explica em parte templos
piramidais cada vez mais altos e elaborados; o aumento gradativo das
hostilidades entre as cidades no final do Período Clássico e o alto preço das
guerras, que degeneraram na selvageria de capturar os cidadãos vencidos para
sacrifícios humanos (no começo do Período Clássico a guerra era mais
civilizada: somente os reis e os nobres derrotados eram usados nesses
sacrifícios).
Fossem quais fossem os motivos, os maias
decidiram deixar suas suntuosas cidades e voltar à vida simples nas aldeias
no campo, onde seus descendentes vivem ainda hoje. Sob a influência dos
vizinhos toltecas e de outros grupos que se fixaram no Yucatán, a região
norte também entrou em uma nova fase, que continuou até a chegada dos
espanhóis em 1541. Os invasores europeus marcam o início da por que os maias
adotaram o rei como chefe de estado.
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No entanto, cada vez mais terras cultiváveis
foram sendo tomadas pelas cidades, que continuaram crescendo, e parcialmente
pela migração. População crescente, seca e perda de colheitas podem ter
trazido a fome, forçando a população a se mudar em busca de alimento. Outros
fatores que levaram as cidades do sul ao colapso podem ter sido o custo de
manter reis e nobres e da construção de idade de trevas, com a queima dos
livros maias e a tentativa de pôr fim à sua religião.
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Os maias acreditavam em ciclos
recorrentes de criação e destruição e pensavam em termos de eras que duravam
cerca de 5.200 anos. Segundo o calendário maia, o ciclo atual começou em 3114
ou 3113 a.c. e deve acabar em 2011 ou 2012. Sua cosmologia não é fácil de ser
reconstruída, mas aparentemente os maias acreditavam que a Terra era plana e
tinha quatro cantos, cada um situado em um dos pontos cardeais e com sua cor
característica: branco para o norte, amarelo para o sul, vermelho para o
leste e preto para o oeste. No centro estava a cor verde. Alguns maias também
acreditavam que o céu tinha múltiplas camadas e era sustentado por quatro
deuses de imensa força física, chamados de Bacabs.
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Outros maias acreditavam que o
céu se apoiava em quatro árvores de cores e espécies diferentes. A Terra, em
sua forma plana, estava nas costas de um crocodilo gigante que descansava
numa piscina de lírios d'água. A contraparte celeste do crocodilo era a
serpente de duas cabeças, um conceito supostamente fundamentado no fato de
que a palavra maia para "céu" é semelhante à palavra para
"serpente".
O céu tinha 13 níveis, cada um com seu
próprio deus. O inferno, chamado de "Mundo Inferior", com
nove níveis, era um lugar frio e infeliz e o destino final da maioria dos
maias. Eles acreditavam que após a morte todos iam para o inferno, cuja
entrada seriam as cavernas ou cenotes (poços de água criados pelo desabamento
das cavernas de calcário).
Os reis também iam para o inferno, mas, como
possuíam poderes sobrenaturais, conseguiam escapar e renascer no céu como
deuses.
A morte por causas naturais era temida pelo povo
maia, especialmente porque ninguém ia para o paraíso. Gente comum era
enterrada debaixo da própria casa, com a boca cheia de comida e uma conta de
jade, e acompanhada por artigos religiosos e objetos de uso cotidiano (os
túmulos dos sacerdotes continham livros). Os nobres eram cremados e pequenos
templos eram erguidos sobre suas urnas funerárias.
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Metáforas astronômicas e eventos cósmicos definem
os rituais e cerimônias dos maias. Em certos centros, as transferências do
poder real, por exemplo, parecem ter sido marcadas para ocorrer nos
solstícios de verão. Em Palenque, uma inscrição diz que ChanBahlum, o filho
do rei Pacal, consagrou o agrupamento do Templo da Cruz em 23 de julho de 690
d.e. para coincidir com a conjunção de Júpiter, Saturno, Marte e a Lua. Para
os maias, tal evento deve ter representado o nascimento dos deuses ancestrais
pa deais. Nos equinócios de primavera e outono, por exemplo, o Sol jogava
seus raios por pequenas aberturas em um observatório, iluminando seu
interior. Outros alinhamentos relacionam-se aos exteriores dos templos e
palácios.
O mais espetacular exemplo desse tipo de
alinhamento pode ser observado em Chichén Itzá, a principal cidade maia da
península do Yucatán.
Ainda hoje as pessoas se reúnem todo ano para ver
o Sol iluminar a escadaria da pirâmide dedicada ao deus Quetzalcoatl, a
serpente emplumada. Nos equinócios, o Sol gradualmente ilumina a escadaria da
pirâmide, que termina com uma cabeça de serpente em sua base, e a sombra
projetada cria a imagem de uma cobra ondulante que desliza para o chão - o
deus descendo à Terra.
Por que os maias alinharam seus templos e praças
com o Sol e as estrelas? Em parte foi por veneração aos deuses. A tumba do rei
Pacal, no Templo das Inscrições em Palenque, por exemplo, está alinhada com o
Sol.
No solstício de inverno, o Sol nasce atrás de uma
montanha além do templo, exatamente em linha com o centro do seu telhado. No
seu trajeto, ele entra por um corredor no templo e, enquanto avança para se
pôr no horizonte, parece descer pela escada que leva à tumba subterrânea de
Pacal.
A morte do rei e sua entrada no inferno equivalem
assim à própria morte do Sol e sua entrada no Mundo Inferior.
Os calendários, a mitologia e a astrologia eram
integrados em um único sistema de crença. Os maias observavam o céu e faziam
calendários para prever os eclipses solares e lunares, os ciclos de Vênus e
os movimentos das constelações. Esses acontecimentos eram muito mais do que simples
movimentos mecânicos - eram os deuses representando os míticos eventos da
criação. E o que os sacerdotes-astrônomos faziam era aplicar a sagrada
estrutura do cosmos aos afazeres terrestres. Por isso, observatórios
astronômicos foram construídos em quase todas as cidades maias, como o famoso
Caracol, em Chichén Itzá, que está alinhado com o aparecimento de corpos
celestes como a constelação das Plêiades e Vênus.
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Esse último planeta era particularmente
significativo para os maias - seu importante deus Quetzalcoatl, por exemplo, está identificado com ele. O Códice de Vênus e era
usado para prever o futuro. Os maias também iam para a guerra seguindo a
orientação de Vênus, com os ataques às cidades inimigas sendo marcados para
coincidir com o surgimento do planeta no céu.
Pouco se sabe sobre o panteão maia. Havia pelo
menos 166 divindades, cada uma delas com muitos aspectos: alguns deuses
tinham mais de um sexo, enquanto outros podiam ser tanto jovens quanto
velhos. Algumas fontes falam de Itzamná, um único deus supremo, inventor da
escrita e padroeiro das artes e das ciências. Sua mulher era Ix Chel, a deusa
da Lua, padroeira da tecelagem, da medicina e do nascimento.
O papel dos sacerdotes estava ligado ao
calendário e à astronomia. Eles controlavam ensino e
estavam encarregados de calcular tempo para marcar as cerimônias e festivais,
além de serem responsáveis pela escrita e pela genealogia. O clero maia não
era celibatário, e os filhos sucediam os pais.
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Todos os rituais eram ditados pelo calendário
sagrado e tinham um sentido simbólico. A abstinência sexual era rigidamente
observada antes e durante tais eventos, e a automutilação era encorajada com
o objetivo de fornecer sangue para untar os artigos religiosos. A elite era
obcecada por sangue - tanto o próprio como o dos cativos -, e rituais
sangrentos eram a parte principal de qualquer data importante. O sangue tinha
a finalidade de aplacar os deuses e, quando a civilização maia começou seu
declínio, os governantes dos grandes territórios saíram desesperados de uma
cidade a outra perpetrando os mais sangrentos rituais na tentativa de manter
seus reinos em desintegração.
SACRIFICIOS HUMANOS:
Os sacrifícios humanos eram feitos com prisioneiros
de guerra, escravos e particularmente crianças; órfãos e filhos ilegítimos eram comprados especialmente para a
ocasião. Antes da influência tolteca, porém, os sacrifícios de animais devem
ter sido muito mais comuns do que de humanos, e perus, cachorros e iguanas
estavam entre as espécies consideradas apropriadas corno oferendas aos
deuses. Nos sacrifícios humanos, os
sacerdotes eram auxiliados por quatro homens mais velhos, conhecidos como
chacs, em honra ao deus da chuva, Chac. Esses homens seguravam os braços e
pernas da vítima enquanto seu peito era aberto pelo nacom, um comandante militar, que arrancava o coração ainda pulsante. Também estava presente o chilam, xamã que em transe recebia
mensagens dos deuses, e cujas profecias eram interpretadas pelos sacerdotes.
ARQUITETURA:
As cidades eram os centros administrativos e
religiosos, onde muita gente vivia. Em grandes núcleos urbanos como Tikal,
por exemplo, em uma área de 10 km2 havia mais
de 10 mil estruturas, que iam de pirâmides a cabanas com telhados de sapé.
Estima-se em 60 mil o número de seus habitantes, o que lhe dá uma densidade
populacional várias vezes superior à de qualquer cidade média da Europa na
mesma época histórica. Uma cidade maia do Período Clássico geralmente
consistia em praças rodeadas por plataformas encimadas por estruturas de
alvenaria, que iam de templos e palácios a túmulos.
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A arquitetura mostra um sofisticado senso de
decoração e arte, expressa em esculturas e paredes pintadas. Em Tikal, as
principais construções eram interligadas por ruas de pedra ou por viadutos.
No entanto, essas cidades desenvolveram-se aparentemente sem nenhum
planejamento, com templos e palácios sendo derrubados e reconstruídos através
dos séculos. Devido a esse padrão errático, os limites das cidades maias são
difíceis de ser determinados. Algumas são cercadas por um fosso e outras têm
fortificações defensivas ao seu redor, mas isso é incomum. Cidades muradas
são raras, com exceção de algumas descobertas recentemente e que datam do
colapso da civilização maia, quando muralhas de proteção foram erguidas para
conter os inimigos externos.
Como a água era escassa em certas regiões,
grandes cidades como Tikal tinham reservatórios construídos para servir à
população durante a estação da seca. Quadras para o religioso jogo de
bola - o pok-a-tok, que reproduzia os movimentos dos deuses celestiais -
também são encontradas em muitos centros urbanos.
Cidades mais importantes tinham monolitos ou
pilares colocados diante de templos e palácios. Elevando-se acima de todas as
demais estruturas estavam as pirâmides-templos,
construídas com blocos de pedra calcária. Eram o
aspecto mais notável das cidades. Os templos em cima das pirâmides geralmente
tinham apenas uma ou duas salas, tão pequenas que só poderiam ter sido usadas
para cerimônias religiosas não destinadas ao público. Embora os templos
piramidais fossem as construções mais espetaculares, a cidade era composta
principalmente por palácios, estruturas térreas construídas como os templos
no topo das pirâmides, mas com várias dúzias de salas e um ou mais pátios
internos.
Não se sabe para que os palácios eram usados. Os
governantes e a elite burocrática podem ter vivido neles, muito embora as
salas fossem apertadas e espartanas. Os arqueólogos sugerem que os nobres
provavelmente teriam morado em prédios menos permanentes, que não
sobreviveram ao tempo. Eles ainda sugerem que as salas dos palácios, em forma
de cela, poderiam indicar que monges, freiras ou sacerdotes as tenham
habitado, apesar de haver poucas evidências de terem existido ordens monásticas
ou eclesiásticas entre os maias antigos.
Como se vê, os especialistas na cultura maia
avançaram bastante em conhecimentos sobre seu objeto de estudo. Muitos dados
cruciais, porém, permanecem envoltos em mistério. Decifrá-los é um desafio e
tanto, mas os bem-sucedidos terão uma recompensa notável: vislumbrar um pouco
do tesouro secreto que é a presença humana neste planeta.
A ESCRITA:
Os maias escreviam usando 800 sinais, que eram dispostos em colunas e
lidos da esquerda para a direita de cima para baixo. Os hieróglifos maias
representam palavras ou sílabas que podiam ser combinadas para formar
qualquer palavra ou conceito na língua maia, incluindo números, períodos de
tempo, nomes e títulos. As inscrições eram esculpidas em pedras ou madeira
para adornar monumentos,, ou pintados em papel, paredes de gesso e
cerâmica. É um sistema de difícil interpretação, porque representam sons,
idéias ao mesmo tempo
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CRONOLOGIA MAIA:
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Fonte:
Coleção
Planeta - Grandes Mistérios - Editora 3.
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