Prisioneiros das convenções
Continuo a ver
pessoas infelizes que acabam cometendo um tipo de suicídio: morrer com
“dignidade” de acordo com o que presumem as convenções.
E, o que é
isso?De acordo com as convenções, você deve ser intolerante, grosseiro e
mal-educado com os perdedores.Você não tem vontade própria, só a que as
convenções te permitem ter.Amor verdadeiro?Baita frescura!Amizade verdadeira?Uhn!Será
que ele merece?Respeito aos mais pobres?Ora, pra quê?Não dá lucro
algum!Desgosto?Nunca devo me mostrar fraco!Perdoar?Só da boca p’ra fora!
Daí o
prisioneiro arrasta suas correntes pela vida, engolindo sapos, renegando seus
sentimentos mais nobres, sendo “uma pessoa normal e comum”.Comum?Pode até
ser!Mas, normal, de jeito nenhum.
Uma dessas
pessoas que conhecí, morreu há pouco...Há coisa de 1 ano e pouco mais, expulsou
o filho de casa porque descobriu que o infeliz usava drogas.Ser compassiva e
paciente?Impossível, pois, segundo ela “ele tem de tudo”.Com certeza, amor não
tinha, pois ela era uma pessoa seca, autoritária e ríspida!Quem pode ver amor
nisso aí?Nem louco!Em suma, ela engoliu o amor que sentia pelo filho, sofreu e
conseguiu um câncer.Se tratasse, nem adiantaria, pois ela era fatalista:
“estava na minha hora” ou “foi a vontade de Deus”.No enterro, foi levar os
pêsames para o marido.Ele respondeu convicto “ela morreu com dignidade”.Olhei
para ele com vontade de o esganar!Ou sou muito estúpida ou ele é muito cínico:
o que ele acha que deu a entender?Que procurar o sofrimento e a morte é
dignidade?Só alguns santos é que buscaram a dor como meta.E não lhes sou
simpática pois, para nos purificarmos podemos prestar serviço humanitário,
fazer trabalho missionário ou outra coisa menos ignorante.
Essas pessoas,
santas auto-ungidas, são os prisioneiros das convenções da sociedade.Pregam que
o sofrimento é natural porque ele sempre estará presente em suas vidas.Com
casamentos de interesse, amizades interesseiras, alegrias e amigos comprados,
dá para ser feliz?É claro que não!Daí eles pregam um catecismo obscuro, de
valores distorcidos, para justificar sua vida torta e infeliz.Se quiser se
manter nessa rede de mentiras convenientes, o sofrimento será uma constante!
Então me vem a
cabeça a revolução dos costumes nos anos 60.Abençoada revolução que abriu
nossos olhos!Nem todos viraram maconheiros, nem mães solteiras, mas enxergamos
a verdade: a sociedade nos vendia um pacote de felicidade, cheio de utopias e
de longo prazo!Você até poderia alcançar as metas se vivesse o suficiente.E,
naqueles tempos com atmosfera de chumbo, o futuro era uma incógnita.Será que eu
viveria para ver meu sonho realizado?Após 18 anos de estudos, você teria um
canudo e experiência nenhuma.Não conseguiria emprego porque só queriam gente
com experiência.Aí, começaria um rosário de frustrações, desilusões e ainda ter
que ver gente despreparada tomar o seu lugar.O pior é que tudo isso “era
absolutamente normal”.Era normal estudar quase 20 anos para obter um subemprego
e ganhar uma merreca!Era normal pagar uma faculdade, gastar suas noites de sono
estudando para ter que ouvir que “diploma não é suficiente, precisa experiência
e personalidade”.De onde eles ouviram falar em “personalidade”?Será que sabiam
o que significa?Naquele tempo recuado não havia o PROCON para processar quem
vendia produtos com propaganda enganosa.Se houvesse, a nossa formação estaria
sob investigação, o Sistema de Ensino sob CPI e o Governo sob suspeita de
favorecimentos múltiplos.Porque, atualmente, você não é mais prisioneiro.Você
sabe que é contribuinte e que pode cobrar resultados do Governo e Órgãos
Públicos.Então, viva a verdade, viva a liberdade!!!
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