Somos meros "lulus"; final de ciclo;calendário maia;freqüencias;tsunami novamente;ficção ou realida

domingo, 2 de dezembro de 2012

Os pilares da sobrevivência





 
Os pilares da sobrevivência
                                    Lembro-me de quando era criança.As pessoas nos impunham que fossemos bem educados e respeitosos.E nós eramos.
                                    Então, na minha adolescência, caiu a ficha: as mesmas pessoas que cobravam educação e respeito, não eram educadas e muito menos respeitosas com ninguém.Em suma, era uma exigência vazia.Eles não davam o exemplo.
                                    Aprendíamos na escola, as atitudes e as palavras mágicas que abriam as portas que eram “com licença”, “obrigado”, “por favor” e “não por isso”.Eramos pequenos lords e ladies, educados, repeitosos e que ficavam chocados com as atitudes dos pais.Ao invés de “com licença”, ouviamos um tosco “sai da frente”;ao invés de “obrigado”, ouviamos “não faz mais que tua obrigação”, ao invés de “por favor” ouvíamos “faz já”.Grande parte dos meus colegas, quando completavam sua formação, não voltavam para sua cidade.Os que voltavam, deixavam o pacote de boas maneiras na Faculdade e copiavam seus pais trogloditas.
                                     O que dizer então, de respeito?Não havia!As pessoas davam palpites na vida alheia sem ser solicitadas, xingavam as pessoas com um palavras chulas, chantageavam, invadiam e usurpavam sem a menor sem cerimonia.
                                     Discutir uma pendência de terra era na base do tiroteio, com um bando de capangas e uma horda de advogadinhos de porta de cadeia (que defendiam a invasão de propriedade com as desculpas “porque o invasor é meu amigo e o invadido é um coitado”).Então, ter feito um curso de Direito não significava fazer cumprir a lei de direito e sim a dos mais fortes.Nada diferente da natureza selvagem do mundo animal.
                                      A vida se encarrega de nos mostrar as verdades e corrigir nossos pontos de vista.Ainda bem, por que eu andava achando que a educação era para uso na infância e adolescência, quando dependemos de quem tem o poder decisório=poder econômico.Foi quando conheci uma pessoa surpreendente, que vou chamar de “Z”.Diziam as más-línguas que ele era um matador.Embora filho de família abastada, ele atuava no mundo do definitivo, matar.Muitas vezes cheguei a duvidar do que ouvia, mas ele mesmo confirmou sua fama.Era um homem refinado, gentil e educado.Tinha ótima aparência e esmêro no vestir, diferente da imagem do bandido comum.Um dia, educadamente perguntei-lhe o por quê de sua escolha e ele respondeu:
                                     -É que descobrí que ser educado, nada tem a ver com meras palavras.Educadamente, as pessoas podem até me roubar e matar, desde que a sua atitude seja de convicção e respeito.Mas, se pisarem na bola, e não souberem explicar a que vieram, não tem como relevar...
                                      Comecei a nutrir profundo respeito por quem separava as fases das reações humanas.Uma fase é uma fase.A fase seguinte é outra.Claro e cristalino como água da fonte.Coisa que jamais encontrei em nossos confusos pais, que capengavam entre o direito e o dever sem se decidir jamais.
                                      A desculpa de nossos pais para serem mal-educados era “sou adulto e respondo por meus atos”, coisa que nem sempre era verdade.Fazer desafôro era uma coisa.Responder por eles, era outra.No máximo, acontecia de se constranger o perdedor a aceitar uma situação humilhante, nada mais.Era assim que eles lidavam com a vida: pregavam moral e respeito que desconheciam.Se alguém questionasse, era considerado “um desafôro duvidar da minha palavra”, como se palavras, sem o lastro do exemplo fossem capazes de educar.Os filhos não tinham respeito por seus pais, tinham medo.Com o tempo, aprendiam que o meio tinha sido um fator nocivo , contraditório e desagregador para com seus velhos.Era uma compreensão tardia de uma forma de vida esconsa e instável.Por mais estrutura econômica que se tivesse, a paz era artigo de luxo, pois o desrespeito, a má-fé e outras reses desse nefando gado não lhes permitiam coerência ou baixar a guarda.
                                       Hoje, nossas pendências são resolvidas nos tribunais, com advogados que sabem a diferença entre o “direito” e a “amizade” e que, principalmente, sabem que podem ter sua licença caçada pela OAB por conduta anti-ética(antes, eles nem sabiam o que era “ética”).Aí alguém me pergunta “e se o posseiro resolver não cumprir a reintegração de posse?”.Simples: decisões definitivas não são passíveis de discussão.É feita a execução de sentença com ordem judicial e apoio da polícia.Tudo publicado nos jornais, nos Diários Oficiais de formas que o desrespeito será divulgado na mídia e exporá as atitudes dos posseiros – ricos ou não.
                                          Os grileiros de terra e assassinos dos donos legítimos, por ricos que sejam, são levados ao tribunal e cumprem pena. Pela simples razão de que esse país cansou de ser o ninho de cobras que sempre foi e resolveu liberar as águias para caçá-las.
                                           Como diria “Z”, com educação e respeito, tudo se admite.Com arrogância e prepotência, não!!!


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