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          “Meu filho não vai passar por isso!”
                   Há uma frase célebre que pais e mães que sofreram demais repetem enfáticamente: “meu filho não vai passar por isso!”.É o amor dos pais tentando preservar seus filhos de um “sofrimento inútil e desnecessário”.Entendo;apenas em parte!
                   Na vivência sofrida de nossos pais, houve muitas etapas insignificantes e irrelevantes aos seus olhos.Para eles, de nada serviu!No meu olhar de filha, entendo que essas etapas “inúteis” podem ter sido mera consequência de sua condição desfavorável, ou, podem ter sido a argamassa que cimentou sua personalidade friável e a tornou mais forte.
                   Nossos pais, então, exerceram a superproteção, nos preservando de tudo que fosse desagradável.Mas...esqueceram que iríamos crescer e ver que o mundo não era cor de rosa como eles decoraram nosso quarto, mas tinha cores mais fortes e cruas.
                   O que acontece, então, com essa atitude bem intencionada?Ficamos fracos, despreparados e vulneráveis.O filho do nosso vizinho sem traumas, superou as etapas na hora certa.Nós, não!E o que dizer, então, depois de sermos acompanhados até no banheiro, nos depararmos com uma situação de perigo, sozinhos, em uma rua êrma?Quando adultos, segundo os pais, “saberemos nos defender”.Será???Essa situação aconteceu comigo, quando voltava da aula, em torno das 23,00hs.De repente um rapaz me abordou e quiz me vender drogas:
                  -Oh, moça!Compra aí um baseado!
                  -Eu não uso isso!
                  -Tenho outras drogas.Essa é a mais barata.Quer ver?
                  -Não, obrigada!
                  -Olha, se não quer, tudo bem!Mas, me acompanha numa fumadinha.Quero conversar, tomar uma cerveja!
                  -Eu não bebo!
                  -Droga, guria!O que tu pensa que és?
                  -Nada!Só que minha família sempre me vigiou e vigia.
                  -E que diabos faz uma pessoa de família a esta hora na rua?
                  -Estou voltando da aula.Trabalhei o dia inteiro, tive aula até agora e queria ir p’ra casa.Amanhã tenho prova!
                  -Como vais estudar se trabalhas?
                  -Meu supervisor libera os estudantes por algumas horas em época de prova...
                  -Ah, bom!Ei pessoal!Não mexam com essa guria!Ela é minha amiga e tem passe livre aqui.
                  Sai de lá com o coração aos pulos, lágrimas escorrendo e segurando as palavras.Que sufôco!Menos mal que topei com uma pessoa razoável.Outras tantas vezes que voltava para casa, seguia por aquela rua onde sabia que não seria importunada.E, até o final do curso foi assim.
                   Então, eu pergunto:nossos pais imaginaram uma situação dessas ou, nos jogaram aos lôbos sem nem ao menos uma faca?Isso só traz um contraste:quando pequeno o filho, protegemos.Quando cresce, que se vire!Mesmo sendo inexperientes e tôlos devido a superproteção.
                    Quando crescemos, descobrimos nossas falhas técnicas e as de nossos pais.Nossa capacidade de discernimento custa a emergir pois, nunca a usamos antes.Nossa iniciativa é trêmula e tímida como a de um bebê que está aprendendo a andar.Tampouco temos autoestima pois, sempre deixamos os pais decidirem e fazerem tudo por nós.
                    Resumo da ópera:poderíamos ser uns fracassados.Tínhamos tudo para sermos engolidos e devorados pelo sistema.Não tivemos a imunização da vivência.Nem nosso olhar de águia fora treinado.Tivemos que superar a incapacidade imposta por nossos pais.Tivemos que emergir do ôvo cósmico de novo.Somos um milagre de sobrevivência e resilência!