Somos meros "lulus"; final de ciclo;calendário maia;freqüencias;tsunami novamente;ficção ou realida

domingo, 27 de abril de 2014

Realidade e idealização


              Realidade e idealização

                            Era nos idos de 70.Eu, meu marido, minha mãe e as crianças morávamos no Paraná.A algumas milhas da civilização.
                            Ele trabalhava em reparo e recapeamento de estradas.Na maioria das vezes, eram semanas só eu, as crianças e minha mãe.
                            Acontecia muito de pessoas estranhas entrarem no seu quintal, colher da sua horta e pegar galinhas do seu galinheiro.Principalmente, quando se sabia haver só mulheres e crianças.Isso, sem falar que passavam pelo seu varal e levavam as roupas.
                            Irritada com isso, pedi a um vizinho uma espingarda, para espantar os javalis e lagartos do quintal.E ele emprestou uma arma novinha, de última geração.
                            Não demorou muito a aparecer os invasores por lá.Eu havia ido ao mercado e quanto voltei, um alarido no pátio.Eram umas cinco pessoas, assando duas das minhas galinhas e preparando uma bela salada de alface.Perguntei:
                             -Eu conheço vocês?
                             -Não, porque?
                            -Quem deu licença para fazer churrasco no meu pátio, colher das minhas alfaces e roubar minhas galinhas?
                            -Tá reclamando do que, dona?Não vai te deixar mais pobre!
                            -Não é isso!É a falta de respeito com a propriedade alheia!
                            -Ah, vai te catar!
                            Fui. Saí dalí e voltei com a espingarda.Furei a chaleira com um tiro e recheei as galinhas de “azeitonas”.
                            -Bom, as galinhas já estão assadas!Sumam daqui!
                            -Mas, a gente nem comeu ainda!
                            -Peguem os espetos e caiam fora!                                                  
                            Eles pegara os espetos quentes e saíram praguejando.Um fez menção de voltar mas, atirei perto dos seus pés.Ele sumiu no meio do mato.Depois, vi que haviam deixado a cuia de chimarrão.
                            Daí há pouco, o vizinho apareceu na sua pick-up, preocupado:
                            -Tudo bem aí, Donna?
                            -Tudo!
                            -Ouvi uns tiros!
                            -Não foi nada, não!Só um javali mexendo na minha horta!
                            E hoje eu fico pensando: que temeridade!Você ficar só com a família no sertão à mercê de bandidos!Muitos quando souberam, me condenaram por ter brigado por comida.Não era apenas isso.Hoje, invadem o meu pátio para roubar comida.Amanhã invadem o meu sítio e me expulsam de casa, como sucedeu com minha bisa.
                          Por essa e por outras razões, sou contra o desarmamento.Abençoada espingarda que me livrou desse incômodo!

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