Somos meros "lulus"; final de ciclo;calendário maia;freqüencias;tsunami novamente;ficção ou realida

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Conceito e Preconceito


Conceito e preconceito

Quando criança, uma criança quieta e só, eu notava a
inquietude e o azedume das pessoas e não conseguia achar a real razão.
Aparentemente, eram pessoas felizes e normais, em seu próprio conceito.
Na realidade, odiavam seu estilo de vida, odiavam e invejavam quem era melhor
aquinhoado pela sorte mas, eram servis com os poderosos. Era uma situação
complicada de dar nó, mas que eles justificavam com desculpas esfarrapadas,
mentiras, calúnias.
Quando alguém errava (e era pobre) ou era caluniado
(era sempre pobre), a ignorantada descontava suas desventuras malhando o "judas"
da vez. Uma coisa era certa: o errado, só era acusado porque: ou era promissor
ou era bonito...ou inteligente. Gente feia e insignificante estava livre dessas
inquisições particulares para aplacar o amargor do populacho frustrado e
infeliz. Eles não queriam uma solução pois se quisessem, iriam brigar com seus
governantes. Eles queriam um bode expiatório para aplacar a ira dos seus
demônios interiores.
O mais incrível é que havia gente que estava
disposta a purgar seus pretensos pecados e crimes nas mãos dos ignorantes. Ao
invés de fazer a trouxa e mudar de ares, ficava aturando as impertinências de
velhas faladeiras e de passado obscuro, desaforos de mulheres feias e incapazes
de casar; e prostitutas pretensamente redimidas. Um público de passado
condenável, que jamais seriam jurados em qualquer tribunal, eram os algozes
aberrativos de pessoas melhores do que eles (em todos os sentidos).
Eu, naturalmente, olhava com olhar crítico (acho
até que meu olhar transparente traduzia a censura que eu votava), e, assim que
me foi possível, dei as costas e fui embora. Eu não tenho paciência, não sou
compassiva e tenho nojo de quem não se enxerga;era só questão de tempo a gente
se estranhar e acontecer uma tragédia: eu abrir esta boca ferina e impiedosa e
magoar as pessoas para sempre. Afinal, alguém precisava coloca-las em seu devido
lugar.
O tempo rolou, e eu morei em vários lugares,
sempre ciente de que eu não queria uma vidinha tosca e cinzenta, tão ao gosto
dos ignorantes da minha região. Havia um velho, contraparente, que dizia que eu
queria estudar para ser melhor que os outros. É claro: havia de querer ser
pior???Precisaria me esforçar muito para conseguir essa façanha!!!
Hoje, mais de 40 anos depois, ainda continuo a
abominar essa gente. Minha mãe tem pena deles porque são ignorantes, são
ressentidos porque não tiveram chances. Eu não tenho pena: se eles ao invés de
malhar os "judas" fossem estudar e melhorar de vida, não precisariam sentir
inveja de ninguém. Me poupe!!!
O tempo passa, uns problemas se resolvem, outros
o substituem. Hoje, eu durmo e sonho a noite inteira com equações matemáticas,
com cálculos, com soluções alternativas: em suma, eu não descanso. Me parece que
estou vivendo meu sonho e meu pesadelo, trabalhando até quando durmo. E a minha
vida nem sempre é cinzenta e nunca é tosca. Acho que quando temos preconceitos
contra certo tipo de pessoas, nos distanciamos tanto que é impossível voltar. O
nosso subconsciente trabalha no sentido de nos orientar para o que desejamos.
E eu que sempre achei que era uma pessoa de
mentalidade aberta, liberal, me descubro tão conservadora como qualquer judeu
ortodoxo. Chego ao absurdo de renegar parentes que andaram nos caminhos de
Belial. Chego a ter medo de tecer considerações sobre sexo e me descobrir
homofóbica. Seria o fim da picada eu trilhar os mesmos descaminhos dos
ignorantes. Castigo maior não haveria do que me ver repetindo clichês, igualando
tudo na tábula rasa da linearidade, reduzindo tudo a sexo e pecado.
Deus, me salve dessas idéias nefandas e
nojentas!Entendi que da intolerância ao fascismo é um pulinho!Daí à perseguição
e extermínio é apenas um atalho que as pessoas pegam sem notar o que estão
fazendo. Lembro sempre que minha avó dizia que "devemos ter referências dos
lugares". Eu nunca entendi direito o que ele queria dizer pois, a pressa e a
urgência sempre nos distraem.
Hoje, depois de quase enveredar pelos
descaminhos da ignorância crassa, vejo que a vó queria dizer "você tem que saber
por onde anda para não se perder..."Realmente, a diferença entre conceito e
preconceito, reside num limbo para quem tem que tomar decisões. É uma tênue
divisão entre duas dimensões antagônicas, um verdadeiro portal onde você pode
atravessar para uma dimensão sem volta.


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